Re (a)Gressão

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De lábios pintados vagueando por uma remota Aldeia, te imagino de cabelos soltos focando cada presença relevante a teu olhos clínicos e sonolentos. De certo que não esperarias encontrar tal ser descabido nos teus sonhos esfumaçados de um cigarro maldoso que, de encontro a mim, re-descubro um prazer comum. Numa pedra seguramente grande te sentas, espalhando um manto vestido teu, com rosas a adornar, dizes tu numa inocência relevante, esquecendo que na essência verdadeira da pedra te encontras tu, adornando-a de encanto e juventude (até que perdida para um llama). De uma forma sublime e inconsciente, a pedra ganha vida e rejubilada por ti, transcende-se ao passado mais que perfeito onde pedra não existia, mas sim eu, esperando algo mais do mundo que a olhos meus, se assemelhava a um esquema de cores esbatidas sem encanto. Foi então que a pedra tremeu e tu, sem medos e covardias, acordaste e apagaste o cigarro. Admirada com o facto, associaste a gigante pedra a um antepassado conterranêo que por momentos te fez pensar... de um momento não passou pois depressa te distrais aquando um maldito cão passa e te rouba a atenção. Indignada e já esquecida, esfregas o rosto otróra nitidamente tranquilo como que se nada pudesse acontecer. Indignada e já esquecida te culpabilizas de um gesto comum ao meu que te tomará, um dia, de volta todo o prazer que ele te dá de uma forma doleroza. Rendida à tua essencia tranquila te retiras, deixando para trás um olhar fulminante e cromático (dejavu...) que trará um impulso em mim, calhau.

Spoiling Thoughts

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Corres sem parar para olhar
Com alma profana assombrando o meu ser
Corres em direcção ao luar
Sem parar... para sequer olhar

Olhar para aqueles que te podem dar
Algo mais que o luar

Um céu estrelado está, dizias tu
Aquele céu que eu tu podemos olhar
E sem gestos de maldade te disse:
Uma estrela grande e perfeita te vou dar.

Não vale a pena... pois minha alma é pequena,
Pequena no mundo teu
Que diz não ser meu.
Naquele mundo procuro um ser.

Procuro um ser de alma profana
Que me assombre...

Gato de Rua

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Esbelto e felino corre ele,
Perdido na solidão mata e vive.

Sr. Holandês, onde mora você?
Levai-me este moribundo,
Que digo eu ser este mundo,
Um mundo moribundo,
Sem saber eu porquê.

Negado, o gato foge.
Felino e esbelto ele corre,
Entre ruas e ruelas
D'uma amargura extrema.

Oh gato, onde vais tu?
Que por entre esse olhar fulminante,
Corre um viajante

Holandês não sou,
Mas carinho e amor te dou.
Tocador de almas és
Da cabeça até aos pés...


Oh gato... por onde andas tu?

Mister McFisgas!

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O mito voltou. Sim?

Não?

Humm, quiçá.

Incrível, sim, eu diria incrível! Olho e como laranjas que cresceram conforme eu as fui plantando. Verdes verdinhas, começaram estas belas frutas morais e obscenas de muitos desafios a florir, criando um honesto e verdadeiro eu. Mas, um eu não eu, porque um eu só se adapta quando o eu morre. Silhuetas decoram este eu, dando-lhe um certo lustro para o eu que vem a seguir, florir completando todas as suas etapas com sucesso. Será o nosso objectivo completarmos os nossos EU's consoante as aspirações que nos revitalizam a alma? Bem, eu já vi que sim, algumas Baleias são azuis e deitam água para fora, mas quanto a assuntos interiores, o meu eu pobre continuou.
Num ser monotono me torno. Olho para o mundo com olhos clinicos e criticos, avaliando cada passo dado, cada olhar jogado, cada expressão desejada, mas, contudo, perco-me novamente na minha tola e ridicula descaracterização pessoal. Este eu está esquecido de certos momentos mais sensiveis, este eu é, novamente e infelizmente um ser mais frio... Este eu procura uma liberdade social onde possa interagir à sua vontade, escondendo o seu interior com pequenos actos defensivos e ridiculos. João, tu podes ser mais do que aparentas ser, e podias pensar menos do que actualmente pensas. Quero ser naíve, ser "obsoleto", deixar as emoções sair e conquistar, com o que posso, o meu verdadeiro eu...


Um eu que acredita que as baleias são azuis.